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 7 a 09 de outubro de 2019

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Emergência de línguas e literaturas mundiais, ou a sua instrumentalização para fins identitários?

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Assistimos no mundo atual das culturas em geral e das línguas em particular, a duas tendências ou dois movimentos aparentemente opostos e contraditórios: uma centralização crescente, geralmente chamada de globalização ou de mundialização, e ao mesmo tempo à emergência forte de sentimentos coletivos identitários, sejam eles de natureza religiosa, cultural, linguística, nacionalista, regionalista, e assim por diante. Um só exemplo: o apogeu do domínio universal da língua inglesa se consolida contemporaneamente com lutas identitárias tais como aquelas às quais assistimos na Catalunha. 

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Como podemos explicar tal paradoxo aparente? Propomos ilustrar e tentar explicá-lo ao longo deste simpósio, nas áreas que nos dizem respeito, língua, literatura e cultura em geral. Desde já podemos sugerir uma hipótese suscetível de esclarecer a convivência de movimentos tão contrários, à primeira vista. O paradoxo poderia ser apenas aparente, na medida em que o dinamismo globalizante / identitário poderia dialeticamente resultar de um mesmo traço característico do nosso mundo dito pós-moderno, ou seja, as duas faces de uma só moeda. Tal seria talvez uma sugestão apenas de pesquisa para a solução do paradoxo. 

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Parece evidente que entre outras causas, a expansão da Internet deveria ser levada em conta, já que precisamente ela contribui ao mesmo tempo a uma individualização da produção e a uma conexão instantânea global. Por exemplo, quais são as consequências da emergência de um modo de escrita efêmera (a dos celulares) e de um modo oral que pode ser gravado (logo, fixado), numa inversão total dos traços que caracterizavam tradicionalmente a língua oral face à escrita? 

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Nestas perspectivas, sugere-se dar um destaque em particular à realidade das atividades de tradução e de interpretação no decorrer da história, assim como à dupla função das línguas que nem sempre convivem em harmonia entre a comunicação e a afirmação identitária. 

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Não vamos nos estender mais nessas reflexões preliminares, que visam apenas a mostrar quanto pode ser valiosa a contribuição de cada um dos participantes deste simpósio, na sua especialização, na sua pesquisa, e nas suas preocupações face às mudanças rápidas que estamos presenciando. 

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